quinta-feira, 12 de setembro de 2019
O MESTRE BOA VIDA
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A MINHA VIAGEM AO MATO
A MINHA VIAGEM AO
MATO
A MINHA VIAGEM AO
MATO
Tinha acabado há
pouco tempo a 2ª Grande Guerra, teria eu uns 7 ou 8 anos, e já fazia alguns trabalhos no campo, tais como: as
regas das hortas, a apanha do figo, as vindimais, as mondas, etc.
Desta vez, vou
contar a minha ida à Charneca da
Chamusca com uns boieiros para trazer uma carrada de mato encomendada pelo meu
pai e para aprender como se fazia. Na pequena casa agrícola de meu pai, nesse tempo, entre outras
coisas, também havia sempre
cabras, ovelhas, porcos, burros, etc. e o mato era preciso para as camas do
gado e, assim fabricar o estrume para as propriedades agrícolas. A viagem até à Chamusca levava mais de 3 horas a passo de boi,
pelo que saímos da minha aldeia
natal, os Soudos, um pouco antes do nascer do sol. Eu sentei-me ao lado do
boieiro encima do carro e o ajudante seguia a pé à frente
dos bois. Quando chegámos à Charneca, depois de uma viagem muito dura para
mim, já lá estava o meu pai que tinha ido de bicicleta
para comprar e pagar o mato ao roçador. O mato
levou muito tempo a carregar ao boieiro e seu ajudante, pois eu não podia com aquelas grandes paveias de mato. Eu
já conhecia, Tomar, Torres Novas, Entroncamento,
etc. mas naquele dia, fiquei a conhecer também a Golegã e a Chamusca. A meio da tarde ficou o carro bem
carregado e iniciámos a viagem de
regresso e eu lá me ajeitei na rede do carro, dormi uma soneca, enquanto o
boieiro e o ajudante seguiam à frente dos bois a
dirigi-los. Quando aquela romaria do carro com o mato todo enfeitado com
plantas silvestres, chegou aos Soudos já o Sol se
escondia por detrás das serras de
Aire e Candeeiros e eram horas da ceia. Era costume dar uma boa ceia ao pessoal
logo que o carro ficasse descarregado e assim aconteceu, mas eu o que mais
sentia era sono e fui dormir.
Manuel Mar
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