OS MEUS CONTOS





O AMOR ÀS ESCONDIDAS


Num reino muito distante uma princesa vivia num maravilhoso palácio, cheio de belos jardins com lindas flores e campos relvados verdejantes.
Ela era muito rica e possuía lindos vestidos, jóias raras mas faltava-lhe algo, como se no seu jardim faltasse um raio de sol, ou uma brisa ou uma estrela, algo que não se vê mas que se sente, algo que dê vontade de rir e de cantar. Ela passava o tempo a ouvir os lindos passarinhos e a cheirar todas as flores de que ela gostava. O problema da princesa era a felicidade, pois era a única coisa que lhe faltava.
Num belo dia passou por lá um príncipe aventureiro, que vendo a beleza da princesa ficou louco de paixão por ela. Todos os dias e à mesma hora e no mesmo lugar o príncipe ia falar com a princesa e ela ficou também se apaixonada por ele. Depois disso continuaram a encontrar-se e muito se amavam às escondidas do rei.
A princesa tornou-se muito radiante e os seus olhos brilhavam como faíscas de milhões de luzes, no meio dos passarinhos que cantavam alegremente e das flores que exalavam perfumes suaves e magníficos.
A linda princesa tinha encontrado o que lhe faltava que era a felicidade do amor.
Certo dia o rei para selar um acordo diplomático com um reino vizinho devido a algumas discórdias que os lançavam em guerras e escaramuças, decidiu prometer a sua princesa em casamento com o príncipe desse reino vizinho. Esta ideia não agradou à princesa, mas como continuava a ver o seu príncipe aventureiro e só pensava casar com ele foi deixando passar o tempo.
Alguém com ciúmes foi contar ao pai dela o que se passava e os seus encontros amorosos.
O Rei receando perder e o seu projecto de paz fosse anulado, decidiu acabar com os encontros da sua filha.
Assim, mandou um general ir buscar um mago que habitava no seu reino para que resolver o problema.
O mago logo fez uma maldição à filha do rei e ao seu príncipe encantado e a partir desse momento os seus amores se transformassem em ódio e acabassem com os seus encontros amorosos.
Alguém escutou a conversa entre o rei e o mago e divulgou a novidade que chegou ao conhecimento do cavaleiro apaixonado, que deixou de ir visitar a princesa.
Assim o tempo se foi passando, com a princesa cheia de tristeza por ter perdido o seu grande amor.
Então a princesa acabou por fazer a vontade ao pai e casou com o príncipe prometido, entregando-lhe o seu corpo, mas o seu coração continuava com o seu príncipe aventureiro.
Pelas florestas à volta do palácio, deambulava o príncipe aventureiro que espreitava de longe a sua amada mas sem nunca se aproximar pois conhecia a maldição que lhes foi lançada, e não aguentando viver mais nessa situação, decidiu entregar-se nos braços da morte, mas deixou um pedido: que o seu coração lhe fosse retirado do seu corpo e queimado para quebrar essa maldição.
Tanto se falou na morte do cavaleiro aventureiro no reino que a princesa acabou por ter conhecimento do que lhe tinha acontecido.
Então não resistiu à tristeza e adoeceu e ao fim de alguns meses faleceu deixando como último pedido, que lhe fosse retirado o coração do corpo e lançado ao fogo no mesmo lugar onde tinha sido queimado o coração do seu amado.
A lenda diz ainda que esses corações apaixonados ficaram juntos os dois e que mesmo de fora do peito ardem de amor eternamente.
A partir desse dia esses corações são protectores dos amores proibidos, e talvez quem sabe se um dia os dois nos protejam a nós também.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 31/05/2015
Foto: Net

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