quinta-feira, 21 de julho de 2016

A DANÇA À GREGA




























Relicário de Poesia

A DANÇA À GREGA
Num país de imensas tradições,
E com a democracia na sua raiz,
Tem vida cheia de contradições,
O povo tem até muitas aflições,
E nunca consegue viver ali feliz.

Mas há muitos anos já se sabia,
Que a democracia é coisa rara,
A candeia a que ela se alumia,
Nasceu de uma grande utopia,
E além de muito lenta é cara.

Era bonita se não tivesse custo,
Mas já se viu que é uma utopia,
Que o povo apanha muito susto,
E ninguém recebe o que é justo,
Gasta-se tudo com democracia.

O pior de tudo é uma miragem,
De todos fazerem vida de ricos,
O povo seduzido nessa imagem,
Vive a vida com pouca coragem,
E passa a vida a tapar os bicos.

E quando se gasta o que não há,
Devia haver muito mais cuidado,
A vida nunca deixará de ser má,
Viver do crédito sempre foi e será,
Um custo de vida mais agravado.

A democracia fez-se dona de tudo,
Mas gasta de mais e tem de pedir,
O governo faz da vida o entrudo,
E toda a raia que é o povo miúdo,
Perde tudo com sorte se não falir.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 3/07/2016


Foto: Net

quarta-feira, 20 de julho de 2016

O DIA DO AMIGO (A)






























Manuel Mar. ”Poesia”

O DIA DO AMIGO (A)

Amigo, sem ti não era tão feliz!
Muito grato pela tua amizade!
Ela é o maior bem na verdade,
Mas foi a sorte que assim o quis.

Sem amigos a vida é incompleta!
Obrigado por tu me completares!
Os amigos são bens tão salutares.
Que só a saudade tanto os afecta.

Namoradas (os) hoje vão e vêm.
Muitos desconfiam do quem têm.
Só os amigos para sempre ficam.

O amor dos amigos é mais puro,
Por ser sempre tão leal e seguro,
E com reciprocidade se dedicam.

Manuel Mar.
Torres Novas, 20/07/2016

Foto: Net

ALDEIA DOS SOUDOS





























Manuel Mar. “Poesia”

ALDEIA DOS SOUDOS

Essa bela aldeia onde nasci,
E foi para mim importante,
Foi a terra onde eu lá cresci,
Foi nela que muito aprendi,
E dela estou agora distante.

Lá me senti como no paraíso,
No centro de grande família,
Que tinha o que era preciso,
Era gente com grande juízo,
Mas trabalhava noite e dia.

Viviam do amanho da terra,
Trabalhando-a de Sol a Sol,
Decorria a Segunda Guerra,
Era nos arrabaldes da Serra,
Onde não faltou o pão mole.

Era tempo do racionamento,
Haviam grandes dificuldades,
Mas criávamos bom alimento,
Que dava para nosso sustento,
E se vendia nas Vilas e Cidades.

Tinha já os sete anos de idade,
E lá ia de burro aos mercados,
Vender só o que era novidade,
Mas eram frutos de qualidade,
Que eram bem apresentados.

Mas eu ia bem acompanhado,
Era pelo meu pai geralmente,
Ele ia lá na bicicleta montado,
Pagar a entrada no mercado,
E vendia-se quase de repente.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,20/07/2016
 Foto: A casa onde nasci



terça-feira, 19 de julho de 2016

HOJE EM DIA

















Manuel Mar. “Motes”

HOJE EM DIA…

As pessoas agora sabem o preço de tudo,

Mas elas não sabem o valor de Nada…

Os casais juntam-se e poupam mesmo tudo,

E até filhos, que já não há quase nada…


Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/07/2015

Foto: Net

A VIDA ME DUDOU




















Manuel Mar. “Motes”

A VIDA ME MUDOU

A vida me mudou sem querer,
Que não acredito em ninguém,
Muito pão duro tive de comer,
Agora como o que me convém.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/07/2015

Foto: Net

ÁGUA FRESCA
































Manuel Mar. “Poesia”

ÁGUA FRESCA

Naquela tarde de Verão
Uma brisa forte lá corria,
Fazia das saias um balão,
Àquela que comigo vivia.

Tinha as curvas perfeitas,
Que ficavam descobertas,
Muito belas e escorreitas,
Até havia bocas abertas.

E aquela linda pequena,
Estava bela e tão serena,
E a água fresca me dava,

Ela era o meu doce amor,
A dar de beber ao senhor,
Que só com ela se deitava.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 25/05/2015

Foto: Net

segunda-feira, 18 de julho de 2016

VIVER ABANDONADO



























Manuel Mar. “Poesia”

VIVER ABANDONADO

Vivo agora apenas da caridade,
Já nada me pertence no mundo,
E perdi toda a minha mocidade,
A lutar para haver a igualdade,
E aos poucos fui parar no fundo.

Filho de gente honrada e pura,
Tenho uma alma e um coração,
Mas toda a minha desventura,
Foi meter-me numa aventura,
Onde fiquei sem ter um tostão.

Ambos os meus pais faleceram,
E fiquei só e sem ter um abrigo,
Os meus tios todos já partiram,
Todos os seus bens, se sumiram,
Agora, tenho a vida em perigo.

Já estou velho para trabalhar,
Já a minha casa é toda a rua,
E se a sopa dos pobres acabar,
Como nunca aprendi a roubar,
Vou morrer à fome bem crua.

Resta-me ainda a esperança,
O Governo fazer como a Suíça
Tirar um pouco da abastança,
Dos ricos com a grande pança,
E dar aos pobres uma linguiça.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,19/07/2016

 Foto: Net

O PODER DOS SONHOS






















Os Contos de Manuel Mar.

O PODER DOS SONHOS!

Acontece sem nos apercebermos que desde muito novos os sonhos começam a participar nas nossas vidas e a delinear o nosso futuro, interferindo em todos os nossos objectivos.
Sonhamos com tudo o que se passou antes e tentamos prever o nosso futuro, o que iremos aprender e os cursos que poderemos tirar, mas todos querendo ser heróis e ter fama.
Assim sonhamos com um mundo de acções possíveis e de situações até às impossíveis de realizar.

O nosso crescimento aumenta a capacidade mental e os nossos sonhos acompanham todo o conhecimento que vamos adquirindo, sendo até às vezes bons conselheiros ajudando a orientar os caminhos que vamos escolhendo.

Quando se perde vontade de sonhar muita da nossa capacidade fica prejudicada e normalmente essas pessoas sentem-se até perdidas na sua vida.
Os sonhos são, em suma, um trabalho da nossa alma que nos ajuda a ser alguém na vida e a encontrar a felicidade de viver.

Foi sonhando que os grandes inventores conseguiram alcançar as suas grandes descobertas que aumentaram o progresso das gentes e das Nações.
Sem os sonhos das nossas almas, a humanidade seria apenas como um animal sujeito a todas as tormentas e intempéries.
Sem o sonho, a nossa vida seria talvez como a monotonia de um deserto seco e desabitado, ou quando muito um grupo de animais lutando pela posse da terra à semelhança das feras selvagens.

Já dizia o poeta: “O sonho comanda a vida”

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 8/09/2015

Foto: Net

O PESO DOS COSTUMES






























Os Contos de Manuel Mar.

O PESO DOS COSTUMES


Numa pequena freguesia do concelho de Mafra, em tempos que já lá vão há muitos séculos, havia uma tradição muito antiga só para os homens, que ninguém sabe quem a inventou.

O que se sabe é que quando se reuniam na igreja da freguesia e havia o ritual de acender as velas, os homens só as apagavam depois de saírem pelo corredor da sacristia, onde todos esmurravam as velas contra a parede para dessa forma as apagar.

O padre da freguesia um dia faleceu e foi lá parar um padre muito novo e brioso que não gostou de ver a igreja com a sacristia toda borrada e cheia dos restos da cera das velas.

O padre novo arranjou logo uma comissão paroquial para mandar limpar tudo o que estava muito sujo na igreja e pintar tudo de novo.

Assim foi feito e a igreja ficou como nova. Toda gente foi felicitar o Senhor Prior, levando algumas prendas como é costume em muitas freguesias.

Com a igreja toda bonita, o Prior escolheu um dia para a comemoração do acontecimento, com festa religiosa e banda filarmónica.

No dia da festa tudo correu do melhor até ao momento do apagar das velas. O Prior já tinha feito um pedido para não sujaram nenhuma das paredes porque tinha custado muito a sua limpeza.
Acabada a cerimónia, um paroquiano exaltado abeira-se do Prior e diz em voz alda:

- Saiba Vossa Reverência que há uma tradição que não pode acabar:

Nesta parede sempre o meu avô esmurrou a sua vela, o meu pai sempre a esmurrou e eu, bem alto lhe digo, que essa tradição não pode acabar e, contra a parede esmurra a sua vela.

Em seguida outros paroquianos o imitaram e fizeram o mesmo como era de tradição.

Consta que até hoje continua essa mesma tradição.

Mas o Prior é que não gostou e pediu para sair de lá e foi pregar para outra freguesia no concelho de Torres Novas à ordem do Bispo de Lisboa.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 12/5/2015
Foto: Net

O DESENGANO BARATO




































Manuel Mar. “Poesia”

O Desengano barato!

O meu coração era tão desconfiado,
E estava constantemente a suspirar,
Mas ele só se sentia bem a namorar,
Até já com muitas tinha namorado.

Era o ciúme que o fazia tanto sofrer,
Que não suportava nada de afronta,
Mas ficava de cabeça perdida, tonta,
Quando algo não conseguia entender.

Quando eram já cinco as raparigas,
A dizer andarem comigo a namorar,
Eu juntei-as todas no mesmo lugar,
Só para elas acabarem as mentiras.

Todo o assunto ficou ao desbarato,
Dizendo todas que isso era mentira,
Eu que não vira uma cena tão gira,
Achei tal desengano lindo e barato.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 29/05/2016

Foto: Net

O GANHÃO























Os contos de Manuel Mar.

O GANHÃO

          O meu avô paterno, era um agricultor que tinha sempre alguns criados para o ajudar.
 Um desses criados tinha ido para o seu serviço, ainda muito novo, nem tinha ido à escola que nem havia nesse tempo.
 O rapaz já tinha na altura uns 15 anos, mas nunca tinha saído da minha aldeia, e o meu avô paterno, resolveu levá-lo com ele à feira do Entroncamento que ficava a uns escaços 10 km. de distância.
 Na ida passaram pelas aldeias de Pé-de-Cão, Lamarosa e Barroca e o rapaz fez o caminho sempre calado, pois ia observando o que via pela primeira vez.
 Ao regressar, o rapaz volta-se para o meu avô e diz:
 -“ É patrão!
-Nem pensava que o mundo era tão grande assim!

 É claro que o meu avô terá dado a sua rizada…
 Eu não conheci o meu avô mas a sua fotografia com ele trajado a rigor à maneira da sua época, sempre me impressionou muito.

 Esta história e muitas outras, foram-me contadas por meu pai ao serão, à luz da candeia, no tempo em que não havia luz eléctrica, telefonia nem televisão.
 É uma história verdadeira podem crer.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/06/2015
Foto: Entroncamento 

O CIÚME NÃO DORME








































Os Contos de Manuel Mar

O Ciúme não dorme!

Algum tempo depois de se ter divorciado o Fernando matriculou-se na Escola Secundária para completar os seus estudos e começou a sentir-se assediado por duas ou três colegas da classe.
Havia lá por onde escolher: Solteiras, mães solteiras, divorciadas, etc., e também algumas casadas.
O Fernando ficou logo embeiçado pela Isabel, uma linda moça solteira com 22 anos e idade, de olhos verdes que era muito engraçada, mas se ia a algum lado com ela algumas outras colegas arranjavam sempre forma de irem também, principalmente uma loira que era muito metediça.
Com o rodar do tempo o Fernando já andava sempre com as duas e não conseguia decidir-se por nenhuma porque gostava da Isabel mas passou a sair com a loiraça indo a bailes, ao cinema, e correu o boato de que já seriam amantes.
Assim se passou um ano numa total indecisão, mas na verdade o Fernando não gostava da loira mas cedia aos seus constantes convites porque não era capaz de os recusar.
Um dia o Fernando pôs um ponto final e não saiu mais com a loira.
Era o tempo de férias o Fernando foi a Espanha umas semanas, e quando regressou trazia umas recordações de lá para oferecer à sua apaixonada a Isabel, mas ela serenamente teve uma reacção inesperada, respondendo que do Fernando não queria nada e que seria melhor que os fosse oferecer à sua amante, referindo-se à fatal loira.
O Fernando bem tentou defender-se e esclarecer o caso mas não teve nenhuma sorte, porque já era um caso arrumado.
Assim, ele que não queria a loira mas demorou a rejeitá-la, acabou por ser também rejeitado pela mulher de quem gostava porque o ciúme não dorme.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 28/08/2015

Foto: Net

domingo, 17 de julho de 2016

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA

 



Manuel Mar. ”Poesia”

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA!

O bom cidadão que orgulho manifesta,
Festejando sempre uma grande vitória,
Ignorando quão vã e efémera é a glória,
Logo faz com os seus amigos a sua festa.

A alegria com que o povo sai para a rua,
Parece mágica fantasia plena de desejos,
Que faz a todos abraçar e dar seus beijos,
É espontânea a forma como o povo actua.

Mesmo aqueles com clubite de partidário,
Que se zangaram na vitória do adversário,
Já são amigos após a vitória da sua Nação.

São ideais a ultrapassam a razão humana,
Ao convergirem na grande força mundana,
Mas quem perde saboreia o dano e solidão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

O CASAL DA RIBEIRA





























Os Contos de Manuel Mar.

O CASAL DA RIBEIRA

Na minha aldeia, nos tempos antigos, era vulgar haver propriedades com casas de abrigo, que eram usadas para variados fins, todos ligados à agricultura.
Os meus avós também tinham casas desse tipo em propriedades que ficavam mais distantes do centro da aldeia.
Muitas histórias se contavam relacionadas com a vida desses tempos e das referidas casas de abrigo.
O meu avô paterno tinha uma propriedade denominada “A Ribeira” que tinha uma casa de habitação, e um grande palheiro, um poço com uma grande picota, uma grande horta, e cerca de 2 hectares e meio de terreno de oliveiras, figueiras, amendoeiras, pereiras, ameixieiras, vinha e outras árvores de frutos diversos.
Na casa de habitação viviam os patrões e as criadas duranta a semana e muitas vezes só aos Domingos é que iam passar o dia na aldeia.
O palheiro era destinado ao gado na parte debaixo, mas tinha um sótão grande onde guardavam a palha para sustentar os animais e um compartimento onde dormiam os homens trabalhadores à semana, de sol a sol, e os cridos quando os havia.
Os produtos produzidos eram guardados depois nas diversas instalações do meu avô na aldeia, onde tinha a adega, a casa da caldeira de destilar o figo, a tulha do figo seco, o forno de cozer o pão, os arcões para os cereais, as talhas do azeite, etc.
A casa do meu avô era vedada por uma cerca de 1 hectare,
e tinha um grande palheiro e 4 poços de água potável.
Fora da cerca tinha a casa do pessoal do rancho que todos os anos vinha fazer a colheita da azeitona.
Havia outras propriedades mais pequenas.
Nesse tempo, o que eu mais gostava, era da casa do rancho, que era um simples barracão bem situado no centro da aldeia com 3 divisões. No rés-do-chão havia uma grande lareira que servia de cozinha e onde se faziam as refeições do rancho e ao lado uma sala-quarto para o sexo feminino. Os homens dormiam todos no sótão.
Quando essa casa não estava ao serviço do rancho era ali que eu fazia muitas das brincadeiras de infância.
Mas aquando das partilhas a casa do rancho e todas demais casas e propriedades foram feitos 6 lotes e, depois no sorteio, a casa do rancho calhou ao meu tio Cândido, que há muito não vivia na aldeia.
Passado pouco tempo, feitas as escrituras, esse meu tio
vendeu  quase tudo e uma parte foi o meu pai que comprou, só não comprou a casa do rancho porque não
precisava realmente dela, e nesse tempo não havia fartura de dinheiro.
E assim acabou aquela casa do rancho que hoje é uma habitação, e nunca mais houve rancho da azeitona.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 5/05/2015  

Foto: Net

O BURRO MALFADADO


























Os Contos de Manuel Mar.


O BURRO MALFADADO


Era uma vez um homem criador de animais e que tinha um burrinho que saiu muito manso e que na sua terra ninguém o queria comprar.

O pobre homem um belo dia preparou o burro para ficar bonito e o levar feira para ver se conseguia arranjar um comprador. Quando viu que o burrito estava com boa apresentação, levou-o à feira,  indo à frente dele com a arreata na mão e uma varinha na outra mão para ir dando umas vergastadas no burro para não ter de puxar tanto por ele, porque além de manso era muito vagaroso.

Aconteceu que iam pelo mesmo caminho dois rapazes que eram estudantes, e quando viram o homem com o burro pela mão, pensaram e combinaram fazer uma partido ao pobre homem, esconderam-se e depois seguiram atrás deles.
Com o maior cuidado, um rapaz fez de burro e outro enfiou-lhe o cabresto do burro na cabeça, e assim ficou  a fazer de burro.
O pobre do homem, tão entregue aos seus pensamentos ia, que não deu por nada e continuou a levar o rapaz pela arreata pensado que levava o seu burro, enquanto o seu burro ficou para trás com o outro rapaz, que seguindo a uma boa distância, levou o burro verdadeiro à mão e soltou-o quando chegou ao mercado.

O estudante que tinha tomado o lugar do burro começou a ficar muito cansado e parou, fazendo que o homem também parasse. Ao olhar para trás, o pobre do homem ficou pasmado: No lugar do burro estava agora um rapaz. Procurando disfarçar a voz o rapaz diz com meiguice:
Ah! Meu senhor, quanto lhe agradeço por me ter dado uma vergastada na moleirinha! Assim quebrou o encanto com que uma velha bruxa me tinha transformado em burro.

Sem perceber o que se tinha passado, o homenzinho não parava de pedir desculpas ao rapaz por lhe ter batido tantas vezes porque o seu burro era muito teimoso e só queria estar parado.
Lá deixou o estudante ir à sua vida, lamentando a pouca sorte que teve ao ficar sem aquele burro.
Quando chegou à feira, começou a dar algumas voltas e logo reparou num burro lá estava e que era tal e qual o seu burro.

 Desconfiado, mirou e remirou o burro. Já não tinha dúvidas, aquele era o burro que não era burro e podia passar a ser rapaz de um momento para o outro. Aproximou-se mais do animal e disse-lhe baixinho:

 -Cá a mim tu não enganas mais nenhuma vez!
 Quem não te conhecer que te compre!

    E lá se foi à sua vida deixando abandonado o animal que tinha nascido malfadado e lazarento e, assim se fez lenda.

Manuel Mar.
®
Tores Novas, 31/05/2015
Foto: Net

CIDADE DE TORRES NOVAS - PARTE 2


A CIDADE DE TORRES NOVAS


ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

sábado, 16 de julho de 2016

O BRUCHO DO CASTELO DOS MOUROS

















              

Os Contos de Manuel Mar.

O BRUXO DO CASTELO DOS MOUROS

Há muitos séculos no castelo dos mouros, segundo reza a lenda, habitava um mouro que se fez bruxo e juntou uma grande fortuna em dinheiro, ouro e jóias preciosas, com as bruxarias que fazia nos fundos do castelo.
A dada altura um exército cristão ajudado pelos cruzados, veio ajustar contas com os mouros para recuperar o seu antigo castelo.
O bruxo mouro como era um grande adivinho já tinha escondido o seu tesouro junto de uma velha fonte nos arredores do castelo.
Quando o bruxo estava a esconder o seu grande tesouro, foi surpreendido por uma linda moura que era costume ir beber água na fonte. O bruxo pensou logo em enfeitiça-la com a sua magia para que ela não desse com a língua nos dentes e divulgasse o segredo.
E como que celebrando um velho ritual disse:
— Em cobra ficarás encantada, e para sempre ficarás com a boca calada!
A linda moura transformou-se numa cobra rastejando e vivendo junto da fonte.
Os cristãos tomaram o castelo de assalto, matando uns e expulsando outros, mas o bruxo nunca mais apareceu por aquelas bandas.
Diz-se que, em noites de S. João, alguém viu junto ao castelo uma bela moura a dançar ao luar, e quando um rapaz a convidou para dançar com ele, ela não lhe respondeu e desapareceu.
Sobre as pedras da fonte alguém encontrou uma pele de cobra recentemente despida, e diz-se que ela continua a viver como cobra na velha fonte, mas o tesouro do bruxo nunca foi encontrado.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/05/2015
Foto: Net