quinta-feira, 15 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Como o Belmiro de Azevedo Come�ou

Segunda-feira, 22 de Agosto de 2011
COMO O BELMIRO COME�OU A ENRIQUECER...- por Gaspar Martins*

(Enviado por Manuel Sim�es)

Quando, em 14 de Mar�o de 1975, o governo de Vasco Gon�alves nacionalizou a banca _ Com o apoio de todos os partidos que nele participavam - (PS, PPD e PCP), todo o patrim�nio dos bancos passou a propriedade p�blica. O Banco Pinto de Magalh�es (BPM) detinha a SONAE, a �nica produtora de termolaminados, material muito usado na ind�stria de m�veis e como revestimento na constru��o civil. Dada a sua posi��o monopolista, a SONAE constitu�a a verdadeira tesouraria do BPM, pois as encomendas eram pagas a pronto e, por vezes, entregues 60, 90 e at� 180 dias depois. Belmiro de Azevedo trabalhava l� como agente t�cnico (agora engenheiro t�cnico) e, nessa altura, vogava nas �guas da UDP.

Em plen�rio, p�s os trabalhadores em greve com a reclama��o de a propriedade da empresa reverter a favor destes. A Uni�o dos Sindicatos do Porto e a Comiss�o Sindical do BPM (ainda n�o havia CTs na banca) procuraram intervir junto dos trabalhadores alertando-os para a situa��o pol�tica delicada e para a necessidade de se garantir o fornecimento dos termolaminados �s actividades produtoras. Eram recebidas por Belmiro que se intitulava "/chefe da comiss�o de trabalhadores/", mas a greve s� parou mais de uma semana depois quando o governo tomou a decis�o de distribuir as ac��es da SONAE aos trabalhadores proporcionalmente � antiguidade de cada um.

� f�cil imaginar o panorama. A bolsa estava encerrada e o pessoal da SONAE detinha uns pap�is que, de t�o feios, n�o serviam sequer para forrar as paredes de casa. Meses depois, aparece um salvador na figura do /chefe da CT/ que se disp�e a trocar por dinheiro aqueles horrorosos pap�is.

Assim se torna Belmiro de Azevedo dono da SONAE. E leva a mesma t�cnica de tesouraria para a rede de supermercados Continente depois criada onde recebe a pronto e paga a 90, 120 e 180 dias.

H� meia d�zia de anos, no edif�cio da Alf�ndega do Porto, tive oportunidade de intervir num daqueles debates promovidos pelo Rui Rio com antigos primeiros-ministros e fiz este relato. Vasco Gon�alves n�o tinha ideia desta decis�o do seu governo, mas n�o a refutou, claro. Com o sal�o pleno de gente e de jornalistas, nenhum �rg�o da comunica��o social noticiou a minha interven��o.

Este relato foi-me feito por colegas do ent�o BPM entre eles um membro da comiss�o sindical (Manuel Pires Duque) que por v�rias vezes se deslocou na altura � SONAE para falar aos trabalhadores. Enviei-o para os jornais e, salvo o j� extinto "Tal & Qual", nenhum o publicou.

*banc�rio reformado, ex-deputado



publicado por Carlos Loures �s 19:00