OS CONTOS
DE MANUEL MAR
O DIA DA
BELA CRUZ
Dia da
Bela Cruz - 3 de Maio
Dos
jornais:
“Não são apenas
as festividades rurais ligadas ao primeiro de Maio a merecer reparo pela sua
expressividade popular, cumpridas, ciclicamente, em rituais e crenças. Também
os dias 2 e 3 de Maio são celebrados entre nós com idênticas manifestações de
carácter festivo, comportando todas elas praxes cerimoniais específicas.
Enquanto algumas
têm origem em ritos pagãos campestres perfilhados pela Igreja, outras têm por
intenção invocar, tão-só, factos ou mitos considerados dignos de relevância.
Umas e outras a misturar na sua componente o histórico, o religioso e o
profano, particularmente entre a comunidade rural, onde crenças e práticas
rituais continuam a verificar-se em datas festivas, como herança perpetuada até
aos nossos dias. Já na antiga Roma tinham lugar nos dias 1, 2 e 3 de Maio, as
Florais ou Florálias, festas celebradas em louvor de Flora, deusa das flores e
mãe da Primavera.
Amada por
Zéfiro, vento do oeste, e venerada pelos Sabinos – antes da submissão deste
povo aos Romanos, em 220 a.C., e da própria fundação de Roma – , Flora
apresentava-se no seu templo, no Quirinal, uma das sete colinas onde foi
construída Roma, permanentemente adornada com grinaldas de flores.
As celebrações
tiveram, de início, um carácter campestre e popular, com jogos e danças, mas
acabaram por tornar-se extremamente licenciosas.
Daí, ser
provável, a eventual relação entre as celebrações a Flora e as comemorações
rituais campestres que se efectuam no nosso e noutros países nos três primeiros
dias de Maio, principalmente no dia 3 – dia da Santa Cruz, ou dia das Cruzes,
dia da Bela Cruz, ou dia da Vera Cruz – , data em que se regista uma das mais
antigas solenidades litúrgicas da Igreja, já celebrada em Jerusalém no tempo do
imperador romano Constantino, baseada na exaltação do triunfo de Cristo sobre a
morte.”
Já Roma festejava a deusa Flora, as chamadas festa da
primavera com caracter licencioso de festas mundanas e pagãs.
Com o decorrer
dos séculos a Santa Madre Igreja cristianizou as festas da primavera e inúmeras
festas e romarias ainda proliferam nestes dias de norte a sul do País, com uma
praxe que é comum a todas elas: a de enfeitar com flores variadas, verdura,
rosmaninho e «cordões de maias» (giestas) as fontes, os cruzeiros.
Em muitos
sítios, até, as campas dos cemitérios e as encruzilhadas eram enfeitadas, para
«proteger as pessoas e os animais dos malefícios das bruxas«.
MANUEL MAR
®
Torres
Novas, 1/06/2015
Foto: Net