segunda-feira, 18 de julho de 2016

O GANHÃO























Os contos de Manuel Mar.

O GANHÃO

          O meu avô paterno, era um agricultor que tinha sempre alguns criados para o ajudar.
 Um desses criados tinha ido para o seu serviço, ainda muito novo, nem tinha ido à escola que nem havia nesse tempo.
 O rapaz já tinha na altura uns 15 anos, mas nunca tinha saído da minha aldeia, e o meu avô paterno, resolveu levá-lo com ele à feira do Entroncamento que ficava a uns escaços 10 km. de distância.
 Na ida passaram pelas aldeias de Pé-de-Cão, Lamarosa e Barroca e o rapaz fez o caminho sempre calado, pois ia observando o que via pela primeira vez.
 Ao regressar, o rapaz volta-se para o meu avô e diz:
 -“ É patrão!
-Nem pensava que o mundo era tão grande assim!

 É claro que o meu avô terá dado a sua rizada…
 Eu não conheci o meu avô mas a sua fotografia com ele trajado a rigor à maneira da sua época, sempre me impressionou muito.

 Esta história e muitas outras, foram-me contadas por meu pai ao serão, à luz da candeia, no tempo em que não havia luz eléctrica, telefonia nem televisão.
 É uma história verdadeira podem crer.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 1/06/2015
Foto: Entroncamento 

O CIÚME NÃO DORME








































Os Contos de Manuel Mar

O Ciúme não dorme!

Algum tempo depois de se ter divorciado o Fernando matriculou-se na Escola Secundária para completar os seus estudos e começou a sentir-se assediado por duas ou três colegas da classe.
Havia lá por onde escolher: Solteiras, mães solteiras, divorciadas, etc., e também algumas casadas.
O Fernando ficou logo embeiçado pela Isabel, uma linda moça solteira com 22 anos e idade, de olhos verdes que era muito engraçada, mas se ia a algum lado com ela algumas outras colegas arranjavam sempre forma de irem também, principalmente uma loira que era muito metediça.
Com o rodar do tempo o Fernando já andava sempre com as duas e não conseguia decidir-se por nenhuma porque gostava da Isabel mas passou a sair com a loiraça indo a bailes, ao cinema, e correu o boato de que já seriam amantes.
Assim se passou um ano numa total indecisão, mas na verdade o Fernando não gostava da loira mas cedia aos seus constantes convites porque não era capaz de os recusar.
Um dia o Fernando pôs um ponto final e não saiu mais com a loira.
Era o tempo de férias o Fernando foi a Espanha umas semanas, e quando regressou trazia umas recordações de lá para oferecer à sua apaixonada a Isabel, mas ela serenamente teve uma reacção inesperada, respondendo que do Fernando não queria nada e que seria melhor que os fosse oferecer à sua amante, referindo-se à fatal loira.
O Fernando bem tentou defender-se e esclarecer o caso mas não teve nenhuma sorte, porque já era um caso arrumado.
Assim, ele que não queria a loira mas demorou a rejeitá-la, acabou por ser também rejeitado pela mulher de quem gostava porque o ciúme não dorme.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 28/08/2015

Foto: Net

domingo, 17 de julho de 2016

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA

 



Manuel Mar. ”Poesia”

A VÃ E EFÉMERA GLÓRIA!

O bom cidadão que orgulho manifesta,
Festejando sempre uma grande vitória,
Ignorando quão vã e efémera é a glória,
Logo faz com os seus amigos a sua festa.

A alegria com que o povo sai para a rua,
Parece mágica fantasia plena de desejos,
Que faz a todos abraçar e dar seus beijos,
É espontânea a forma como o povo actua.

Mesmo aqueles com clubite de partidário,
Que se zangaram na vitória do adversário,
Já são amigos após a vitória da sua Nação.

São ideais a ultrapassam a razão humana,
Ao convergirem na grande força mundana,
Mas quem perde saboreia o dano e solidão.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

O CASAL DA RIBEIRA





























Os Contos de Manuel Mar.

O CASAL DA RIBEIRA

Na minha aldeia, nos tempos antigos, era vulgar haver propriedades com casas de abrigo, que eram usadas para variados fins, todos ligados à agricultura.
Os meus avós também tinham casas desse tipo em propriedades que ficavam mais distantes do centro da aldeia.
Muitas histórias se contavam relacionadas com a vida desses tempos e das referidas casas de abrigo.
O meu avô paterno tinha uma propriedade denominada “A Ribeira” que tinha uma casa de habitação, e um grande palheiro, um poço com uma grande picota, uma grande horta, e cerca de 2 hectares e meio de terreno de oliveiras, figueiras, amendoeiras, pereiras, ameixieiras, vinha e outras árvores de frutos diversos.
Na casa de habitação viviam os patrões e as criadas duranta a semana e muitas vezes só aos Domingos é que iam passar o dia na aldeia.
O palheiro era destinado ao gado na parte debaixo, mas tinha um sótão grande onde guardavam a palha para sustentar os animais e um compartimento onde dormiam os homens trabalhadores à semana, de sol a sol, e os cridos quando os havia.
Os produtos produzidos eram guardados depois nas diversas instalações do meu avô na aldeia, onde tinha a adega, a casa da caldeira de destilar o figo, a tulha do figo seco, o forno de cozer o pão, os arcões para os cereais, as talhas do azeite, etc.
A casa do meu avô era vedada por uma cerca de 1 hectare,
e tinha um grande palheiro e 4 poços de água potável.
Fora da cerca tinha a casa do pessoal do rancho que todos os anos vinha fazer a colheita da azeitona.
Havia outras propriedades mais pequenas.
Nesse tempo, o que eu mais gostava, era da casa do rancho, que era um simples barracão bem situado no centro da aldeia com 3 divisões. No rés-do-chão havia uma grande lareira que servia de cozinha e onde se faziam as refeições do rancho e ao lado uma sala-quarto para o sexo feminino. Os homens dormiam todos no sótão.
Quando essa casa não estava ao serviço do rancho era ali que eu fazia muitas das brincadeiras de infância.
Mas aquando das partilhas a casa do rancho e todas demais casas e propriedades foram feitos 6 lotes e, depois no sorteio, a casa do rancho calhou ao meu tio Cândido, que há muito não vivia na aldeia.
Passado pouco tempo, feitas as escrituras, esse meu tio
vendeu  quase tudo e uma parte foi o meu pai que comprou, só não comprou a casa do rancho porque não
precisava realmente dela, e nesse tempo não havia fartura de dinheiro.
E assim acabou aquela casa do rancho que hoje é uma habitação, e nunca mais houve rancho da azeitona.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 5/05/2015  

Foto: Net

O BURRO MALFADADO


























Os Contos de Manuel Mar.


O BURRO MALFADADO


Era uma vez um homem criador de animais e que tinha um burrinho que saiu muito manso e que na sua terra ninguém o queria comprar.

O pobre homem um belo dia preparou o burro para ficar bonito e o levar feira para ver se conseguia arranjar um comprador. Quando viu que o burrito estava com boa apresentação, levou-o à feira,  indo à frente dele com a arreata na mão e uma varinha na outra mão para ir dando umas vergastadas no burro para não ter de puxar tanto por ele, porque além de manso era muito vagaroso.

Aconteceu que iam pelo mesmo caminho dois rapazes que eram estudantes, e quando viram o homem com o burro pela mão, pensaram e combinaram fazer uma partido ao pobre homem, esconderam-se e depois seguiram atrás deles.
Com o maior cuidado, um rapaz fez de burro e outro enfiou-lhe o cabresto do burro na cabeça, e assim ficou  a fazer de burro.
O pobre do homem, tão entregue aos seus pensamentos ia, que não deu por nada e continuou a levar o rapaz pela arreata pensado que levava o seu burro, enquanto o seu burro ficou para trás com o outro rapaz, que seguindo a uma boa distância, levou o burro verdadeiro à mão e soltou-o quando chegou ao mercado.

O estudante que tinha tomado o lugar do burro começou a ficar muito cansado e parou, fazendo que o homem também parasse. Ao olhar para trás, o pobre do homem ficou pasmado: No lugar do burro estava agora um rapaz. Procurando disfarçar a voz o rapaz diz com meiguice:
Ah! Meu senhor, quanto lhe agradeço por me ter dado uma vergastada na moleirinha! Assim quebrou o encanto com que uma velha bruxa me tinha transformado em burro.

Sem perceber o que se tinha passado, o homenzinho não parava de pedir desculpas ao rapaz por lhe ter batido tantas vezes porque o seu burro era muito teimoso e só queria estar parado.
Lá deixou o estudante ir à sua vida, lamentando a pouca sorte que teve ao ficar sem aquele burro.
Quando chegou à feira, começou a dar algumas voltas e logo reparou num burro lá estava e que era tal e qual o seu burro.

 Desconfiado, mirou e remirou o burro. Já não tinha dúvidas, aquele era o burro que não era burro e podia passar a ser rapaz de um momento para o outro. Aproximou-se mais do animal e disse-lhe baixinho:

 -Cá a mim tu não enganas mais nenhuma vez!
 Quem não te conhecer que te compre!

    E lá se foi à sua vida deixando abandonado o animal que tinha nascido malfadado e lazarento e, assim se fez lenda.

Manuel Mar.
®
Tores Novas, 31/05/2015
Foto: Net

CIDADE DE TORRES NOVAS - PARTE 2


A CIDADE DE TORRES NOVAS


ODE À VIDA
































Manuel Mar.”Poesia”

ODE À VIDA!

A minha alma revive de esperança,
Que no presente reflecte o passado,
Porventura sem sombra de pecado,
Porque viver é seguir em mudança.

Crescemos nós e ao lados dos filhos,
Superando os problemas desta vida,
Esquecendo de tanta dor já sofrida,
Sempre esquivando-nos de sarilhos.

A vida muda tanto constantemente,
Todos procuram viver mais e melhor,
Tanto os crentes como todos os ateus.

O vida muda e avança eternamente,
Mas a velhice é que nos dá vida pior,
O meu refúgio é na palavra de Deus.

Manuel Mar.
Torres Novas, 17/07/2016

Foto: Net

sábado, 16 de julho de 2016

O BRUCHO DO CASTELO DOS MOUROS

















              

Os Contos de Manuel Mar.

O BRUXO DO CASTELO DOS MOUROS

Há muitos séculos no castelo dos mouros, segundo reza a lenda, habitava um mouro que se fez bruxo e juntou uma grande fortuna em dinheiro, ouro e jóias preciosas, com as bruxarias que fazia nos fundos do castelo.
A dada altura um exército cristão ajudado pelos cruzados, veio ajustar contas com os mouros para recuperar o seu antigo castelo.
O bruxo mouro como era um grande adivinho já tinha escondido o seu tesouro junto de uma velha fonte nos arredores do castelo.
Quando o bruxo estava a esconder o seu grande tesouro, foi surpreendido por uma linda moura que era costume ir beber água na fonte. O bruxo pensou logo em enfeitiça-la com a sua magia para que ela não desse com a língua nos dentes e divulgasse o segredo.
E como que celebrando um velho ritual disse:
— Em cobra ficarás encantada, e para sempre ficarás com a boca calada!
A linda moura transformou-se numa cobra rastejando e vivendo junto da fonte.
Os cristãos tomaram o castelo de assalto, matando uns e expulsando outros, mas o bruxo nunca mais apareceu por aquelas bandas.
Diz-se que, em noites de S. João, alguém viu junto ao castelo uma bela moura a dançar ao luar, e quando um rapaz a convidou para dançar com ele, ela não lhe respondeu e desapareceu.
Sobre as pedras da fonte alguém encontrou uma pele de cobra recentemente despida, e diz-se que ela continua a viver como cobra na velha fonte, mas o tesouro do bruxo nunca foi encontrado.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 27/05/2015
Foto: Net

O BRAÇO ESFORÇADO

























O Diário dos Contos de Manuel Mar.

O BRAÇO ESFORÇADO

A implantação de República Portuguesa, em 1910, trouxe profundas e cruéis mudanças que muito afectaram o viver das gentes do nosso povo.
A expulsão dos jesuítas teve consequências muito nocivas, basta lembrar que todo o ensino em Portugal estava na mão deles e, ao confiscarem-lhe todos os bens nada o país lucrou e o pior foi conduzir as finanças públicas à penúria pois toda a economia se arruinou. Muitas casas comerciais e financeiras faliram e, o próprio estado ficou sem nada no tesouro e cheio de grandes dívidas.

Se a vida nas cidades era uma verdadeira miséria e havia roubos de noite e de dia mesmo com portas trancadas às sete chaves, a vida no campo também não era boa, mas sempre havia alguma ajuda entre os vizinhos.

Nas aldeias, cheias de gente nova e trabalhadora, produzia-se tudo o que era possível para vender nas vilas e nas cidades para matar a fome a todos mas, mesmo assim, ainda havia falta de tudo.

Pode-se dizer, em abono da verdade, que foi o braço esforçado do povo que venceu, com grandes sacrifícios, essa grande crise e, apesar de ter sido agravada pelo rebentar da 1ª Grande Guerra Mundial de 1914 a 1918.

Foram anos de dificuldades e privações até ao Estado Novo e à Constituição de 1933 altura em que começaram a resultar as medidas impostas por Salazar que, conduziram à recuperação da
Economia e finanças de Portugal, e que foram progressivamente melhorando até ao 25 de Abril.

A chamada revolução dos cravos feita em nome da salvação do povo, se trouxe algumas melhorias foi sol de pouca dura, porque decorridos dois anos estavam esvaziados os cofres do estado e, temos andado de crise em crise e, adeus mundo, na realidade, não existe nenhuma garantia de e que o nosso futuro será melhor.

O que se sente é que a luta política se tornou num luxo de disputa
desenfreada  de tudo o que são lugares do poder da nação e que toda a governação do estado português consome o que o país não consegue produzir.

Assim compete ao povo acabar com todos os luxos do governo, da assembleia da república, e de todos os departamentos do estado, fazendo com que a lei seja igual para todos.
É preciso moralizar as hierarquias e introduzir uma escala com sete degraus e que cubra todas as categorias de trabalhadores universalmente com base no mérito de cada um e não nos lobbies que se tem criado por todo o lado.

Todos os privilégios que se foram criando para os servidores do estado não tem nenhuma razão de existir: ou serão extensivos para todos os trabalhadores; ou terão de acabar.

Os escalões de vencimentos seriam assim:
525€ para ordenado mínimo e 3.675€ para ordenado máximo.
725 €  “                                       5.075€  “

Se continuar como está não pode conduzir a um bom destino na minha opinião.
  
Manuel Mar.
®
Torres Novas,25/03/2015
Foto: Net

UM AMOR FATAL

























Foto antiga da rua da capela dos Soudos - Torres Novas



Conto de Manuel Mar

O AMOR FATAL

Com a implantação de República Portuguesa, em 1910, houve profundas e também cruéis mudanças políticas que, muito afectaram o viver do nosso povo.
A expulsão dos jesuítas teve consequências muito nocivas, basta lembrar que todo o ensino em Portugal estava na mão dos deles e, ao confiscaram todos os seus bens nada o país lucrou e conduziu as finanças públicas à penúria pois toda a economia se arruinou.
Muitas casas comerciais e financeiras faliram e, o próprio estado ficou sem nada no tesouro.
Os jesuítas possuíam grandes riquezas que ao serem-lhes onfiscadas levaram ao despedimento de uma multidão de toda a classe de obreiros que, de um dia para o outro perderam o seu modo de vida.
Por esse motivo, um tio da minha mãe, irmão da minha avó, que era empregado dos jesuítas no seminário de Santarém, e tinha uma boa vida, teve que regressar à aldeia e teve grandes problemas na sua vida.
Se por um lado, há muitos que tinha deixado o cultivo das suas terras e, teve muita dificuldade em recomeçar uma vida de agricultor, por outro lado surgiram-lhe, também, problemas com a sua namorada de há vários anos porque ela acabou o namoro por não querer deixar a cidade e ir viver no campo.
O pobre do homem fez tudo para a reconquistar mas apesar dos seus esforçou ela foi irredutível e ele com essa mágoa começou a definhar e adoeceu.

A sua doença foi depois diagnosticada como sendo uma terrível tuberculose, e ele seguiu para um sanatório na Serra da Estrela, e passado pouco tempo depois faleceu.

Os seus bens que tinham sido herdados do pai que tinha falecido muito novo, voltaram para a minha bisavó a Dona Vitoriana e, mais tarde foram herdados pela minha avó e as suas sete irmãs.
A minha avó passados uns anos faleceu em 1961 e os bens foram distribuídos pelos seus quatro filhos.
Mais tarde em 1963 eu fui viver na antiga casa da minha avó e, ainda hoje detenho alguns objectos que pertenceram ao meu tio-avô, que tinha sido vitimado pela maldita tuberculose, em consequência de uma grande paixão, que para ele foi o amor fatal.

Manuel Mar
®
Torres Novas, 31/05/2015

Foto: Net

A TIA ANA DOS OVOS































Capela dos Soudos junto à qual a tia Ana vendia os tremoços

Os Contos de Manfer

A TIA ANA DOS OVOS

A tia Ana dos Ovos, era irmã do meu avô paterno, que morava nos Matinhos, na aldeia de Soudos, freguesia de Paialvo do concelho de Tomar.
Quando a conheci a tia Ana já ela era muito velhinha.
O meu avô Manuel Ferreira já tinha falecido quando eu Nasci. 
Eles viviam da agricultura e da venda de produtos da sua produção, tal como uma boa parte dos moradores da aldeia, mas a tia Ana dos Ovos era muito popular porque passava os dias a vender ovos e tremoços por todas as aldeias limítrofes e vivia à sua maneira, que eu achava muito estranha.

Ela tinha três filhos e o mais velho tinha-se estabelecido no ramo dos vinhos, tendo ela e marido sido seus fiadores.
Mas ao tempo havia a crise da 2ª Grande Guerra, e o negócio correu tão mal que tiveram que vender as propriedades para pagarem essa divida.
Passado algum tempo o marido dela que já não podia trabalhar e que passava os dias a aquecer-se ao sol no seu quintal, não aguentou um dia mais frio e acabou por falecer.
Ela continuou a fazer a sua vida e a viver com o filho solteiro que passados alguns anos faleceu e ela ficou a viver sozinha na sua casa velhinha, mas nessa altura começou a ser ajudada pela família.
O que mais me impressionava era a forma de ela se alimentar, pois a qualquer hora do dia, ela só fazia açorda de pão com ovos e um dente de alho e uma pedra de sal e, assim viveu até aos 104 anos de idade, quando entregou o seu corpo à terra e a alma ao Deus criador.
O seu velho casebre ficou para uma neta que lá mora com a sua família.

Manfer
®
Torres Novas, 25.02.2010

Foto: Net

sexta-feira, 15 de julho de 2016

A ESTATURA DOS NAMORADOS












































Manuel Mar. ”Poesia”

A Estatura dos Namorados!

A um par de namorados se deparava,
Um problema de muito difícil solução,
Ele tinha a estatura de alta definição,
E ela: Metro e meio de altura, acusava.

Ao irem à rua nunca se podiam beijar.
Mas certo dia, começou a chover bem,
Eles tiveram que depressa se refugiar,
Numa entrada das escadas de alguém.

Ela ia à frente e subiu alguns degraus,
Ele nem chegou a por lá seus pezinhos,
Mas as bocas ficaram à mesma altura.

Engalfinharam-se como par de maraus,
E trocaram uns centos de bons beijinhos,
Graças à chuva deram beijos de fartura.

Manuel Mar.
Torres Novas, 15/07/2016

Foto: Net

A MUSA ENCANTADA







































Manuel Mar.”Poesia”

A Musa Encantada!

Reparei em ti ainda era um menino,
Que via nos teus olhos a luz a faiscar,
E na tua alma fiz meus sonhos morar,
Para procurar ver neles meu destino.

Mas meus sonhos só o teu corpo viam,
E beijavam os teus lábios com prazer,
Sem nenhuma palavra te poder dizer,
Porque os meus olhos e boca dormiam.

Já era grande quando voltei a sonhar,
Passaram os anos quase sem eu notar,
Julguei ter perdido a musa encantada.

Mas senti bater forte o meu coração,
E o alvorecer do sol da minha paixão,
Quando ela disse ser a minha amada.

Manuel Mar.
®
Torres Novas, 15/07/2016

Foto: Net

O SORRISO DA MULHER








































Manuel Mar. “Poesia”

O SORRISO DA MULHER

O sorriso da mulher é sempre especial,
Porém, mulher bela é mais sorridente,
Mas, tem sempre um encanto natural,
O que agrada a todos muito em geral,
E a alguém em particular, é evidente.

Toda a mulher sorri de forma atraente,
Quer ela seja bela ou feia já enfeitada,
Mas quando ela se veste bem e decente,
Bem merece a atenção de toda a gente,
Até é sempre por todos bem lisonjeada.

O sorriso facilita imenso a convivência,
Porque mostra bem o estado da alma,
E demonstra ser pessoa com paciência,
No que transparece a sua inteligência,
E pela sua presença afectuosa e calma.

E ao mostrar já o reflexo da sua alma,
Abre o seu coração e dá sua amizade,
Ao agradar a larga camada de malta,
Por vezes até já o tempo lhe faz falta,
Mas resolve tudo com sua sinceridade.

A mulher que sabe mostrar o sorriso,
Com moderação e com honestidade,
É como ter a porta aberta do paraíso,
E se o interessado tiver de bom juízo,
Só conquista essa mulher de verdade.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,15/07/2016

 Foto: Net

A RAINHA ADY







































Os Contos de Manfer

A RAINHA ADY

No país do faz de conta havia um rei já bem entrado na idade, que era solteiro, e vivia num grande castelo com toda a sua corte, mas por andar sempre em guerra com os países vizinhos, ainda não tinha tido tempo de paz para se poder casar.
Os conselheiros do reino fizeram-no acabar com essas guerras e aconselharam-no a arranjar descendência para o seu reino poder ter sucessores do rei.
O rei deixou as guerras mas sempre que podia ir fazer grandes caçadas por muitas terras do seu reino.
Um dia estava o rei numa caçada e encontrou  um velho pastor junto à sua cabana e, que tinha com ele uma filha muito linda chamada Ady e ficou encantado com ela e ali ficaram a conversar horas sem fim.
No fim da conversa o rei disse ao pastor que os seus conselheiros queriam que ele se casasse para deixar um sucessor e prometeu voltar para falar com a Ady porque tinha gostado muito dela.
E, assim aconteceu. Passado alguns dias o rei voltou à cabana do pastor onde morava a sua formosa filha.
O rei começou a falar com a pastora contando-lhe que os seus vassalos querem que eu case, e tu és a única mulher de quem gosto.
Tu queres casar comigo?
-Meu senhor rei como pode ser se eu apenas sou uma pobre pastora.
-Tu és uma linda pastora e eu quero casar mesmo contigo e apena com a condição de tu nunca contrariares os meus desejos.
-Aceitarei tudo o que o meu Rei me ordenar!

Então o rei mandou para a cabana do velho pastor os mais lindos fatos de rainha, que ela vestiu, deixando de lado as suas roupinhas que o pai lhe mandou guardar para recordação.
A filha guardou os trapos em uma caixa, que deixou em poder do pai, e partiu para o palácio do rei para se casar.
Passado pouco tempo realizou-se o casamento real com grandes festas e banquetes daqueles que se ouve muitas vezes falar.
O rei e a rainha Ady depois do banquete partiram na galera real e foram de núpcias para as melhores termas do reino, onde foram muito felizes pois a rainha fazia tudo para agradar ao seu rei.
O tempo passa mas não perdoa e ao fim de nove meses a rainha pastora deu à luz uma menina, ainda mais formosa que a sua mãe. Houve então muitos abraços e beijos de parte a parte.
O grande amor que eles sentiam mutuamente fez deles muito felizes e tiveram muitos filhos.

Manfer
®
Torres Novas, 25/04/2015
Foto: Net

quinta-feira, 14 de julho de 2016

O TRABALHADOR RIBATEJANO






















Manuel Mar. “Poesia”

O TRABALHADOR RIBATEJANO

Na lezíria ou na campina ribatejana,
Homens duros feitos pelo seu destino,
A trabalhar de Sol a Sol a sua semana,
Ou cuidando do gado com tanta gana,
Consegue ainda ser um homem ladino.

As suas mãos são todas bem calejadas,
Devido à extrema dureza do seu labor,
Quer a trabalhar com as suas enxadas,
Ou a conduzir as tão bravas manadas,
O ribatejano é um grande trabalhador,

A sua labuta durante todas as jornadas,
Faz dele também um campino de valor,
E que conduz o gado bravo às touradas,
Bem cedo nas manhãs ainda orvalhadas,
E conduz os toiros com orgulho e primor.

As cheias do Rio Tejo causam problemas,
Falta trabalho com os campos alagados,
O trabalhador passa por muitos dilemas,
Mas a coragem e ousadia são emblemas,
O que faz deles trabalhadores esforçados.

Quem trabalha guardando o gado bravo,
E corre enormes riscos durante a sua vida,
Faz uma vida tão dura de que é escravo,
Com a destemida afeição e muito agrado,
Pois o ribatejo é a sua terra bem querida.

Manuel Mar.
®
Torres Novas,15/07/2016

 Foto: Net

A LENDA DO POÇO AMALDIÇOADO




































Os Contos de Manfer

LENDA DO POÇO AMALDIÇOADO

Contava a minha avó uma lenda muito antiga da sua aldeia de Vila Nova, Paialvo.
Vivia um homem muito rico e brasonado que tinha uma filha encantadora, que ele queria ver casada com o filho de um seu amigo que possuía um grande condado.
A formosa moça não atendia o desejo do pai e dizia sempre que era muito nova para pensar nessas coisas. Mas a Maria Julieta, mais conhecida por Mariazinha andava a esconder do pai o namorico que mantinha com um rapaz pobre da aldeia de quem ela estava apaixonada há muito tempo e com quem se encontrava às escondidas.
Como o pai da Mariazinha todos os dias pela hora do calor dormia uma boa sexta descansada, ela estava combinada com uma aia velinha e, ia ter com o seu namorado durante um bom tempo num lugar secreto que só os dois sabiam, e já tinha tudo preparado para fugir dali num certo dia para se casarem.
O pai nunca deu por nada porque quando acordava da soneca, logo a aia avisava a Mariazinha e ela logo aparecia como se na realidade nada se passasse.
Mas o tempo ia passando e o pai começou a desconfiar de que a filha lhe andava a esconder qualquer coisa e, deu ordens a um dos seus homens de armas para que seguisse a filha e lhe contasse o que ela fazia. Isso não deu resultado porque o espião estava longe de imaginar que o local secreto onde a Mariazinha se encontrava com o namorado e que era o quarto da aia junto à copa.
O homem ficou irado e um dia fingiu que ia dormir a sexta,
e foi espreitar a filha, levou o guarda e quando viu a filha com o rapaz mandou o guarda fazer fogo nele. O rapaz teve muita sorte e conseguiu saltar pela janela e cair no fosso do palácio e esconder-se.
A Mariazinha pensou que o seu Romeu estava morto e sem pensar mais nada, fugiu e atirou-se para dentro do poço que havia junto ao palácio e morreu afogada.
A partir de então, o poço era conhecido como “O Poço Amaldiçoado” e quem frequentava o palácio contava que nas noites de Lua Cheia viam o vulto de uma mulher toda vestida de branco, “a noiva desventurada”, a Mariazinha, irrompendo da embocadura do poço e sumindo-se no ar como se fosse a subir ao céu.
A mesma lenda dizia que a Mariazinha faria isso para abençoar os casais enamorados que se viam contrariados pelos pais e, eram muitas vezes obrigados a casar com quem não queriam por ser de outro o seu verdadeiro amor.
Do pobre e infeliz Romeu a lenda não conta mais nada, mas como o rapaz escapou com vida, terá deixado aquela aldeia e procurado refúgio num bom destino.
Passados tantos anos, o que custa é acreditar que, ainda hoje, essa tradição de os pais mandarem no casamento dos filhos, em algumas situações ainda acontece o mesmo.

Manfer
®
Torres Novas, 31/05/2015
Foto: Net