OS
CONTOS DE MANFER
A
CARRADA DE MATO
Tinha acabado há pouco a 2ª
Grande Guerra, teria eu uns 7 ou 8 anos, e já fazia alguns trabalhos no campo,
tais como: as regas das hortas, a apanha do figo, as vindimais, as mondas, etc.
Desta
vez, vou contar a minha ida á Charneca da Chamusca com uns boieiros para trazer
uma carrada de mato encomendada pelo meu pai e para aprender como se fazia.
Na pequena casa
agrícola de meu pai, nesse tempo, entre outras coisas, também havia sempre cabras,
ovelhas, porcos, burros, etc. e o mato era preciso para as camas do gado e,
assim fabricar o estrume para as propriedades agrícolas.
A viagem até á
Chamusca levava mais de 3 horas a passo de boi, pelo que saímos da minha aldeia
natal, os Soudos, um pouco antes do nascer do sol. Eu sentei-me ao lado do
boieiro encima do carro e o ajudante seguia a pé á frente dos bois.
Quando chegámos á
Charneca, depois de uma viagem muito dura para mim, já lá estava o meu pai que
tinha ido de bicicleta para comprar e pagar o mato ao roçador.
O mato levou muito tempo a carregar ao boieiro
e seu ajudante, pois eu não podia com aquelas grandes paveias de mato.
Eu já conhecia,
Tomar, Torres Novas, Entroncamento, etc. mas naquele dia, fiquei a conhecer também
a Golegã e a Chamusca.
A meio da tarde ficou o carro bem
carregado e iniciámos a viagem de regresso e eu lá me ajeitei na rede do carro,
dormi uma soneca, enquanto o boieiro e o ajudante seguiam á frente dos bois a
dirigi-los.
Quando
aquela romaria do carro com o mato todo enfeitado com plantas silvestres,
chegou aos Soudos já o Sol se escondia por detrás das serras de Aire e
Candeeiros e eram horas da ceia.
Era
costume dar uma boa ceia ao pessoal logo que o carro ficasse descarregado e
assim aconteceu, mas eu o que mais sentia era sono e fui dormir.
MANFER
®
Torres
Novas, 1/06/2015
Foto:
Net
Sem comentários:
Enviar um comentário